“NEC
DOMINA, NEC ANCILLA, SED SOCIA”
O brocardo sintetiza o desejo do
jurista Hugo de São Vitor no distante século XII, no entanto, ainda hoje ecoa
como a definição mais sensata e inteligente do papel da mulher na nossa
sociedade.
Foi preciso séculos e séculos para que
essa figura maravilhosa tivesse realmente a sua participação efetiva e
contundente no nosso meio. Lutou bravamente e até se sacrificou com mortes e
sofrimentos incompreensíveis à medida que o ser masculino, dotado de força
muscular e complexão física avantajada, tirando proveito desse atributo
nefasto, a colocou sob jugo de sofrimento e escravidão até que os iluminados de
nosso século, muito que tardiamente, possa se dizer, deu lhe a devida condição
de paridade.
A mulher passou por fases distintas de
um obscurantismo e servidão na Idade Média até a uma tênue abertura dada pelo
Cristianismo que ainda lhe impunha regras de convivência que ainda a mostrava
como ser inferior no contexto da humanidade. Elas nunca reivindicaram o poder
absoluto, com raros lampejos individuais de domínio de poder absolutista, a
luta do ser feminino sempre foi pela paridade dos direitos. Reivindicar aquilo
que lhe é direito natural sempre foi à luta permanente da mulher. A visão de
meninas e mulheres sem qualquer direito e mesmo poder na sociedade romana, a
questão da virgindade doutrinada muitas das vezes por princípios religiosos e a
conduta relegaram a mulher a um segundo plano e em alguns países a plano
nenhum, equiparando-a a mera coisa. Elas porem nunca se abstiveram da vontade
de satisfazer a sua sede de conhecimento e foi por esse caminho estreito mas
sólido que a mulher conseguiu paridade, igualdade, respeito que naturalmente já
deveriam ter numa sociedade eminentemente machista e conservadora.
Foi preciso tempo, muito tempo,
protestos e mortes para que deixassem a condição que não queriam e nem
almejavam, mas que são por natureza de “domina”, pois não pleitearam serem
donas e absolutas no poder e se desvencilhassem de toda e qualquer condição ultrajante
de “ancilla”, ou seja, escrava, pois esta condição, em hipótese alguma, lhes
cabe, e nós temos esse reconhecimento, embora que tardio e ainda hoje de
maneira injusta basta olhar para as mulheres que exercem atividades fora do lar
que fazem jornadas duplas quando não triplas de trabalhos. Trabalham fora de
casa, fazem toda atividade do lar e ainda são mães, e nesse ponto basta atentar
que a história da humanidade não registra um só caso de um homem que tenha
gerado um filho para darmos conta de que estamos tratando com uma “sócia” que
tem prerrogativas impostas pela natureza, que superam todas e quaisquer outras.
Ao comemorarmos a data mundial que
homenageia a mulher devemos nos reverenciar simbolicamente sim, mas devemos
muito mais no dia a dia mudarmos de maneira definitiva e absoluta o nosso conceito sobre esse magnífico ser que
nos cerca. Fica aqui nosso tributo, respeito, consideração, admiração e,
sobretudo reconhecimento à MULHER,
ser dotado de capacidades muito além que nossa vã filosofia masculina e estigmatizada
pode compreender.